quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A SOMBRA



A cidade sobe o morro crescida, especulada a terra imobiliada cara especulativa.
Votado na câmara a praça o campo a igreja nova, a esquerda os futebolistas os católicos, vertentes. Um condomínio de luxo a Catedral da Fé o foia, os do prefeito o bispo a boemia, vertentes. Enquanto, as barrigudas as patrolas os V8 as dragas as retro os maquinistas os peões o encarregado os curiosos os moleques os ambulantes os todos o barulho a poeira, devoluta. Caiu o capim o caju a cagaita o pequi o juá o timbó a mangaba a pitomba o bacupari a malva a tapera, a tapera? o Abacateiro, terraplanado.
Borracha o maquinista – seu Neca seu Neca... uns ossos caveiras uma mochila um chocalho.
Seu Neca o encarregado segunda– traz.
A mochila, seu Neca o engenheiro o policia o delegado. O chocalho, seu Neca o engenheiro o prefeito o padre o bispo.
Sobre a cidade o céu se apaga anuvia escura amiúda, seis horas noite presságia preta preta prematura. Os pardais emudecem seu canto, os canários de gaiola os bem-te-vis as rolinhas os quero-quero as jandaias os sabiás. Os cachorros gatos jegues galos mulos todos os muares, o tigre o leão o elefante a zebra o urso a girafa o simão macaco do circo, em debanda, sobem o morro. Os ratos os micuins os tudonada sobem o morro.
Em cima o terraplano o montôo os bichos. Em cima o negrume . Uns claros riscos relâmpagos estrondos perto perto água muita muita, mais. A água enxurrada forte forte desce açoita a terra leva sulca lava, ravina. Os ventos o negro o rio a lama engolindo a cidade. O padre as rezadeiras os credos todos pedidos, juntos, e os bêbados e os ateus. Os vereadores o prefeito os trâmites todos pedidos.
Agigantado amazônico o rio carrega pontes muros móveis barracos gente tudo tudo, desgraceira.
O matutino estampa o trágico o medonho, barro corpos desalinho desabrigo desalento.
Uma chuva miúda parece querer lavar o ontem, desatino.

cap. IV

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