segunda-feira, 10 de novembro de 2008

LEMBRANÇA


Em cada meio fio o sangue do teu dedo
Em cada casco de cerveja as tuas impressões
e em cada copo o teu batom
No bar da esquina a mesa vazia
a mesma mesa em que tu bebias
Num canto da cozinha o teu chinelo roto
e na parede da sala o teu retrato
Nas tuas costas a marca dos meus dentes
e nos meus dentes o ouro do teu bolso
Em minha cama o contorno do teu corpo
e no cinzeiro o teu último cigarro
Lá na garagem o teu automóvel
com arranhadas dos teus dias no volante
Na nossa escola os teus colegas lembram
da tua última aula de história
e no meu caderno as pétalas de rosa
que tu ganhaste do teu primeiro amor
Nos meus cabelos os teus grampos usados
nos teus cabelos um corte "A la homem"
Em minha mente a tua lembrança.
Em minhas mãos as tuas mãos já frias
deste teu corpo neste caixão de cedro

Um comentário:

R disse...

Carlos, quem morreu???
Tão triste, tão frio... dá pra tocar a tristeza.

Triste...