sábado, 1 de novembro de 2008

Eu e o Outro Menino

...a pedra zuniu feito um enxame de abelhas zangadas
e encontrou estático o colorido passarinho, o outro
menino foi mais ligeiro e o apanhou nas mãos como
se apanha uma fruta madura, sem antes dar-me uma
expiada de inteira desaprovação. O menino cuidou do
bichinho como se cuida de um presente novo, de uma
bicicleta. E o canarinho, ou era um melro?!, cuidou de
logo ficar bom pelo amor do menino. Deitei de querer
vê-lo engaiolado, e novamente uns olhos duros mas
sinceros negavam-me essa maldade.
- Passarim tem é que voar, tem é que cantar solto nas
galhas do pé de pau. Tem que planar nas asas do vento
dizia o menino, misto de poeta.
Dizendo assim parece que foi ontem, mas esta imagem
eu resgatei dos porões quase esquecidos da minha
memória, só para mostrar o quanto pesou, desde cedo,
pràquele menino o conceito de liberdade.


sobre a obra



ao meu saudoso primo
Aluizio de Oliveira Mota
um homem sempre pautado
na luta contra as desigualdades sociais

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