quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A LOUCA



O capim e as heras tomam conta do exíguo quintal e das paredes de adobe. Algum animal derrubara a porta, ou foi mesmo o peso do tempo? De noite: os grilos pirilampos gatos, uma , outra coruja, ah! e os morcegos muitos, na noite nos cantos lúgubres inertes de dar medo os morcegos, de dia a realidade do barraco, só.
O casal ele ela adolescentes, passantes? estradeiros? de perto? curiosos. A cidade lá em
baixo nem longe nem perto, esquecida. Os olhos saltam dos olhos à porta a moça lívida mão à boca em concha chama mostra aponta o tétrico o medo,o rapaz. O braço sobre o ombro a calma, os dois.
Dentro os ossos aqui ali mais acolá, a caveira miúda carcomida morta morta, sem tempo. Espalhados os ossos. Uns trapos trapos, perguntosa a moça aponta – o quê é?!
enrolado um troço trapos, o rapaz- parece um chocalho! desembrulha mostra –um chocalho.
A mochila carrega descarrega o costume o vício, a marvada. O moço a moça à sombra
do Abacateiro. Um passa outro passa aspira prende, o sonho o novo, a síntese a desgraça.
Amor? amor não mata mata?! o beijo o frio do corpo o coito o gozo, premeditados? o crime antes premeditado? o rapaz olha os olhos da moça frios mortos, vagos. Os nacos da carne o sangue os membros separados, postos arrumados dispostos sobre o chão.
Click click de vários ângulos o corpo as fotos as fotos antigas: beijos risos poses poses
hoje ontem, presos na mochila.
Sobre o Abacateiro em galhos a fumaça o moço o não sei contar, o medo o medo? o mergulho.
No chão da tapera uma sombra...

cap. II

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