sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

ENAMORADO



De vestido vermelho rodado solto no corpo de menina, sapato de salto bico fino, cabelos negros cortados em franja; naquela sexta ela se vestira pra mim.
Eu não me cansava de olhar pela janela; ela lá, na sua paciência infinita de monge tibetano, parecia que estava lá só pra que eu a fitasse. Ah! quantas viagens fizemos juntos: passeios de barco bermuda e chinela de dedos quarta-feira ensolarada, quantos banhos de mar com aquele biquíni da terça, no cinema qual era mesmo aquele filme?! a calça jeans camiseta estampada e os tênis da quinta. Hoje vamos jantar no Flamingu’s, depois tem baile!
Ela não veio já dura um dia e outro, eu na janela olho em compasso lá e acolá e ali e além, ela não veio. As noites são longas e de manhã de novo ela não se mostrou pra mim.
Tomo fôlego, caminho de cá pra lá vou até a porta volto, resolvo vou.
Na esquina do outro lado da Rua do Comércio uma placa na porta de aço baixada, leio
FECHADO PRA BALANÇO.


sobre a obra
confissões de um moço tímido
ou dançou mané...

Nenhum comentário: