sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

AMANTE



Ela não cabia mais naquela cama ou ele. Não, nunca os dois... Levantou-se foi até a porta do banheiro, assim mesmo descalça em roupas de dormir, entrou. Lavou as mãos o rosto despiu-se sentou no vaso. Enfiou a cabeça por entre as mãos, apertada. Talvez ela quisesse esquecer, mas se lembrava, nos sonhos agora sempre se lembrava. Sacudiu a cabeça levantou-se deu descarga iria tomar uma ducha: o quente do tempo queimando o sensível da pele o quente de dentro ardente precisado preciso presente: os beijos tantos o gostoso da pele nova a volúpia o coração palpitado (asas de colibri no vôo) o mergulho o coito o frenesi o gozo, cachoeira... Nem mesmo acendera a luz tateando no conhecido do escuro: não quis a imagem no espelho. Enxugou os cabelos sacudiu a cabeça, nua na solidão de si daquela casa, cheia... Vestiu.
O marido era outro, não o de tempos passados dos beijos dos dengos das noites de pouco dormir envoltos cúmplices, calientes. Não queria mais aquela vida de cismas de afastamento, de bundas encostadas no sono atribulado da noite, não ousava dizer.
Olhava o marido bem ali, distante longe na curva do mal me quer...

sobre a obra

pele versus $

cred. imagem: rb_alves

Nenhum comentário: