Em tudo, um pouco de sossego - do medo ao desconforto - Em tudo, um pouco de belo - do roto ao abcesso - Em tudo, um pouco de sóbrio - do anárquico ao gole de cachaça - .... e tudo isso transita entre dentes, gestos, folhas, manuscritos, numa harmonia de berne e orelha de jumento.
texto escrito em 06 de Agosto de 84 "mês de cachorro doido"
Arremesso, a linha descreve um arco e vai se deitar na água a favor da correnteza, travo a carretilha brecando os rolamentos com o polegar. Agora é tempo de espera... ....................................................................... O rio vai descendo ligeiro levando as canoas e os anzóis, levando os fantasmas e toda sorte de medos. Dentro do barco, terra firme. Quando o Mandubé belisca a fisgada certeira presenteia-lhe a garatéia - pobre infortúnio - Recolho, a linha vem ziguezagueando o labutar do peixe como ziguezagueia a imagem dela no meu pensamento, presos o peixe e ela... - tais medidas -
da janela do quarto vejo as cumeeiras e as caixas d´água pesando seus ripais as placas armazenam o sol de Agosto - a chuva aínda demora a chegar - nos quintais os cães de colo latem os passarinhos, distraídas rolinhas,bem-te-vís, pardacentos pardais saltitam nos telhados - não temem a rapina - o vento balança a Sete Copas: um santo remédio suas folhas caídas - pra cura dos rins – ao longe os alto falantes desenham seus políticos: sóbrios e retos atrás de um ideal a tarde cai indiferente...
de noite somem os gorjeios e os mastins de guarda tomam seus postos silenciosos e maus as antenas despejam nas salas de tv, seus heróis de novelas e com eles seus panos de moda e de fundo os ladrões sem colarinho espiam os beirais e os homens de bem religam os alarmes - tanta coisa nos jornais - os espectros povoam as cumeeiras
O velho trem balança... langolangolangolango meu corpo e meus trecos prá lá e prá cá... ............................................................ Só meu pensamento não balança... ficou em Nhande Rú...