quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

um homem de óculos...


dr. caligari



Gato de becos, transido,
Esconso no chavascal das
Minhas mondongas memórias:

Rasguei todos meus retratos.
Quebrei todos os espelhos, e atirei-os
Para não me ver em cacos.

Esparramo as cinzas dos meus textos,
Não como um parente em homenagem,
Decerto para se separarem em nadas nanorgãnicos.

Ponho-me ao longe das janelas.
O horizonte não me cabe à retina
Dada a limitação desses aros míopes...

] uma sombra só cobre parte de um todo.

Se eu fosse sombra, só?!
Se eu corresse em ziguezague
Como a gazela medrosa do puma...

Pra não me ver em cacos
Evito as janelas da memória,
Quieto, feito sombra!

Escondo todos os espelhos:
Gato de becos,
Analiso o mundo de soslaio.



sobre a obra
]uma sombra só cobre parte de um todo.

2 comentários:

Art'palavra disse...

Rasguei todos meus retratos.
Quebrei todos os espelhos, e atirei-os
Para não me ver em cacos.


Carlos Mota: a tua poesia tá forte igual a um baobá. Hoje eu vou inaugurar minha aula com os seus versos, pois tratarei de espéculo (espelho), mímese, simulacro, imagens...imagens, cacos....enfim, coisas assim. Bjos, Grauninha

Doroni Hilgenberg disse...

Querido Carlos,

teu poema me confunde...

"Para não me ver em cacos
evito as janelas da memória
quieto feito sombra"
O que foi que te magoou tanto assim que vc quer esquecer e não consegue?
De que tem medo?
Só depois que vc juntar os cacos, enfrentar o espelho, reviver e aceitar um fato consumado ou acabado é que deixara de ser sombra e passara a ser você mesmo.
Bjs. bjs
DD