sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

BARQUINHO DE PAPEL


imagem jbconrado


Um louco olhando pela janela vê:
Um mar em sua imensidão e plena turbulência
Uma menina vestida de carinho: a sua menina dos olhos...
Um astronauta comendo salame, limpando as mãos
Nas calças de tecido brilhante: lamê.
A casa de mil faces, e suas mil faces internas
Trasvestidas em BB ou BBB: contado o tempo...
Uma águia pousada no fio de alta-tensão, e o colibri ali perto
Muito perto, pousa com uma flor no bico.
Uma senhora com aparente meia idade, de anáguas e
Chinelo de dedo, limpa o nariz na esquina da Av. Z,
Enquanto o lotação demasiadamente lotado, passa,
Demasiadamente lotado.
Um moleque chuta uma bola de meia, enquanto...
Outros em algazarra.
Aquele senhor está sentado ao longe e se aproxima
Quando se levanta, e chega e chega e é só retina...
Uma prostituta limpando o batom vermelho no
Vestido suspenso: em sua calcinha as cores da
Bandeira nacional. No fundo do quadro um barquinho,
Longe tremulante espasmódico, de papel...


sobre a obra
quando se está antes das grades...

2 comentários:

Doroni Hilgenberg disse...

Carlos,
Neste poema vc retrata muito bem o cotiadiano. Afinal, entre a loucura de BB,BBB,e CArnaval, salvem-se quem puder. Mas neste mar de turbulências e fios de alta tensão,o teu personagem poderá ser salvo pela menina vestida de carinho ou pelo colibri com uma flor no bico, jamais pelo astronauta estilizado ou pelas prostitutas do Brasil.
Ah...esse barquinho desgovernado...
Bjs

carlos mota disse...

oi Doroni,
mesmo o louco tem o seu oásis de lucidez.
beijo e obrigado pela visita...