sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
BARQUINHO DE PAPEL
imagem jbconrado
Um louco olhando pela janela vê:
Um mar em sua imensidão e plena turbulência
Uma menina vestida de carinho: a sua menina dos olhos...
Um astronauta comendo salame, limpando as mãos
Nas calças de tecido brilhante: lamê.
A casa de mil faces, e suas mil faces internas
Trasvestidas em BB ou BBB: contado o tempo...
Uma águia pousada no fio de alta-tensão, e o colibri ali perto
Muito perto, pousa com uma flor no bico.
Uma senhora com aparente meia idade, de anáguas e
Chinelo de dedo, limpa o nariz na esquina da Av. Z,
Enquanto o lotação demasiadamente lotado, passa,
Demasiadamente lotado.
Um moleque chuta uma bola de meia, enquanto...
Outros em algazarra.
Aquele senhor está sentado ao longe e se aproxima
Quando se levanta, e chega e chega e é só retina...
Uma prostituta limpando o batom vermelho no
Vestido suspenso: em sua calcinha as cores da
Bandeira nacional. No fundo do quadro um barquinho,
Longe tremulante espasmódico, de papel...
sobre a obra
quando se está antes das grades...
ROSAS DE DOR
As rosas na tua mesa
Todas elas, que lamento!
Só mantêm a vela acesa:
Luz desse meu sofrimento.
Rosas, rosas, rosas, tanto
Para enfeitar outra flor!
No meu peito, esse pranto
Escancara a minha dor...
Minha dor escancarada
Será a minha bandeira
Nessa luta, desfraldada.
Pelo santo que me valha!
De hoje até segunda-feira
Vencerei essa batalha.
sobre a obra
as rosas falam...
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
DE NOITES E TEMPESTADES...
um homem de óculos...
dr. caligari
Gato de becos, transido,
Esconso no chavascal das
Minhas mondongas memórias:
Rasguei todos meus retratos.
Quebrei todos os espelhos, e atirei-os
Para não me ver em cacos.
Esparramo as cinzas dos meus textos,
Não como um parente em homenagem,
Decerto para se separarem em nadas nanorgãnicos.
Ponho-me ao longe das janelas.
O horizonte não me cabe à retina
Dada a limitação desses aros míopes...
] uma sombra só cobre parte de um todo.
Se eu fosse sombra, só?!
Se eu corresse em ziguezague
Como a gazela medrosa do puma...
Pra não me ver em cacos
Evito as janelas da memória,
Quieto, feito sombra!
Escondo todos os espelhos:
Gato de becos,
Analiso o mundo de soslaio.
sobre a obra
]uma sombra só cobre parte de um todo.
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